Anualmente, há cerca de 20 milhões de diagnósticos de câncer em todo o mundo1. Estudos indicam que 55% dos pacientes têm dor durante o tratamento oncológico. Destes, 38% apresentam dor com intensidade de moderada a intensa. Mesmo após o tratamento curativo, aproximadamente 40% ainda se queixam de dor2.

Para que haja um controle eficaz, é necessário conhecer as características da dor. Em relação ao tipo, 60% dos pacientes com câncer apresentam dor nociceptiva, 20% dor neuropática (por compressão tumoral em algum nervo, sequelas de radioterapia ou de procedimento cirúrgico) e 20%, dor mista3.

Você sabe o que causa a dor nos pacientes com câncer?

A dor pode acontecer pela doença em si, ou seja, pela presença da lesão em órgãos, ossos, articulações e músculos ou ser causada pelo tratamento, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias. Além disso, exames frequentes e troca de curativos podem causar dor.

E quais são as formas de tratar a dor do paciente com câncer?

As opções de tratamento são diversas. Por isso, é tão importante que o paciente fale sobre a presença de dor!No passado, o tratamento da dor relacionada ao câncer era lembrado frequentemente no manejo de pacientes com doença avançada e com pouco tempo de vida. A ênfase era apenas no conforto no final da vida. Mas esse paradigma do tratamento da dor de origem oncológica mudou. Em virtude dos grandes avanços terapêuticos no combate ao câncer, os pacientes agora estão vivendo mais e melhor, inclusive com capacidade de permanecerem funcionais e produtivos por muito tempo. O desenvolvimento de cuidados oncológicos mais avançados com cirurgias mais precisas, quimioterapias modernas, novas técnicas de radioterapia, hormonioterapia e imunoterapia, deu suporte para esse novo cenário4.As opções terapêuticas para a dor vão desde medicação por via oral ou transdérmica (adesivos) em esquemas terapêuticos variados, até procedimentos intervencionistas como Implante de Bomba de Infusão Intratecal, Bloqueios Neurolíticos ou outras cirurgias específicas para obter o alívio da dor. A indicação para cada procedimento é criteriosa, multiprofissional e individualizada para cada paciente. Dentre os procedimentos intervencionistas, veja quais as opções de tratamento estão disponíveis em nosso serviço:Bloqueios anestésicos: do Gânglio Estrelado; dos Nervos Esplâncnicos; do Plexo Celíaco; do Plexo Hipogástrico Superior; do Gânglio Ímpar
  • Bloqueios Neurolíticos;
  • Implante de Bomba de Infusão Intratecal;
  • Implante de Neuroestimulador Medular;
  • Mielotomia;
  • Cordotomia por Radiofrequência.

E qual das opções é o melhor tratamento?

A definição do melhor tratamento varia conforme cada caso e depende de diversos fatores, como: causa e o tipo da dor, tipo e localização do câncer, estadiamento da doença, riscos e benefícios, preferências e valores do paciente, custo, dentre outros. A decisão será sempre tomada pela equipe em conjunto com o paciente e a sua família. No entanto, existe uma regra geral que consiste em iniciar o tratamento da dor precocemente, realização de consultas regulares com o especialista em dor e não perder tempo para realizar procedimentos intervencionistas quando forem indicados.

Além das medicações e dos procedimentos intervencionistas, o que mais pode ser feito para tratar a dor oncológica?

O tratamento eficaz da dor relacionada ao câncer apresenta características peculiares. Além dos aspectos físicos que integram a dor oncológica, é importante conhecer o conceito de dor total no contexto da abordagem terapêutica. O conceito de dor total, elaborado por Cicely Saunders em 1964, reúne as dimensões emocionais, espirituais, sociais e físicos da dor5. Neste sentido, os papeis do Paliativista (médico especialista em cuidados paliativos) e do Psicólogo são fundamentais para o controle e a prevenção eficaz da dor e de outros sintomas como náuseas, vômitos, constipação, tristeza, fadiga e falta de apetite. Deste modo, o tratamento em conjunto com uma equipe multiprofissional representa uma abordagem mais completa, eficaz e humanizada para combater a dor oncológica.
Referência Bibliográfica:
  1. Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Laversanne M, Soerjomataram I, Jemal A, Bray F. Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA Cancer J Clin. 2021 May;71(3):209-249. 2. van den Beuken-van Everdingen MH, Hochstenbach LM, Joosten EA, Tjan-Heijnen VC, Janssen DJ. Update on Prevalence of Pain in Patients With Cancer: Systematic Review and Meta-Analysis. J Pain Symptom Manage. 2016 Jun;51(6):1070-1090.e9. 3. Bennett MI, Rayment C, Hjermstad M, Aass N, Caraceni A, Kaasa S. Prevalence and aetiology of neuropathic pain in cancer patients: a systematic review. Pain. 2012 Feb;153(2):359-365. 4. Brogan SE, Gulati A. The New Face of Cancer Pain and Its Treatment. Anesth Analg. 2020 Feb;130(2):286-288. 5. Saunders C. The symptomatic treatment of incurable malignant disease. Prescribers J 1964;4: 68-73.

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