A neuropatia diabética é uma complicação comum que pode acometer os pacientes com diabetes1,2. A neuropatia ocorre quando o sistema nervoso periférico é atingido, podendo afetar um único nervo ou um grupo de nervos. Ela afeta as extremidades, principalmente os membros inferiores, ou seja, pernas e pés.

Pode ser dividida em 2 tipos:

Sensorial-motora: gera pela perda gradual da sensibilidade tátil e dolorosa, que torna as pernas e, principalmente, os pés vulneráveis a traumas. É a chamada “perda da sensação protetora”. Por exemplo, o paciente diabético com perda da sensação protetora poderá não mais sentir o incômodo da pressão repetitiva de um sapato apertado ou a dor de um objeto pontiagudo. Essa neuropatia também pode causar a atrofia da musculatura do pé, gerando desequilíbrio entre músculos flexores e extensores e até deformidades nos ossos e articulações1.Autonômica: é a degeneração do sistema nervoso autônomo, principalmente o simpático. Gera alterações no fluxo sanguíneo nos vasos, reduzindo a nutrição aos tecidos. Provoca, também, a anidrose (ausência de suor), que causa o ressecamento da pele, formando fissuras e alterando o crescimento e a matriz das unhas e gerando portas de entrada para infecções1.

O que causa a neuropatia diabética?

A doença é uma consequência dos altos níveis de glicose no sangue durante vários anos. Isso leva a uma lesão direta nos nervos, através de mecanismos que envolvem o surgimento de isquemia e ação de radicais livres. Diversas teorias tentam explicar o desenvolvimento da neuropatia diabética, mas seu(s) mecanismo(s) exato(s) ainda permanecem pouco definidos1,2.

Como é feito o diagnóstico?

Deve ser realizado por meio da história clínica e exame físico. A eletroneuromiografia pode auxiliar em alguns casos em que há dúvidas. Na avaliação clínica, é muito importante questionar o paciente sobre a história familiar, o tempo de diagnóstico do diabetes, se há história de úlcera ou amputação prévias e se já foram realizados tratamentos anteriormente1.O exame físico neurológico é essencial para o diagnóstico. O Teste do Monofilamento, por detectar as alterações na sensação do tato e da propriocepção, serve para determinar um risco aumentado de ulceração e tem como vantagens a grande sensibilidade, a boa especificidade, a simplicidade para executar e ser de baixo custo. Esse teste consiste em tocar com a ponta de um fio de nylon especial (monofilamento) em algumas áreas da superfície do pé para testar sua sensibilidade a essa pressão. A incapacidade de sentir a pressão necessária para curvar o monofilamento de 10g é compatível com comprometimento da sensibilidade local à pressão ou sensibilidade protetora. Outro teste que pode ser realizado é o Teste de Sensibilidade Vibratória, realizado com um instrumento chamado diapasão. Se o paciente não percebe a vibração, há indício de lesão nervosa1.

Quais são os principais sintomas?

Diminuição da sensibilidade dos pés (mais raramente, também pode ocorrer nas mãos), dor do tipo queimação nas pernas e pés, pontadas, agulhadas, principalmente à noite, e sensação de formigamento e dormência nos pés ou mãos. Pode haver também ressecamento da pele, fissuras e deformidades como dedos em martelo, dedos em garra, proeminências ósseas e calosidades1,2,3.

Como é o tratamento?

Feito o diagnóstico da neuropatia diabética, deve haver um rigoroso controle glicêmico, parte fundamental do tratamento. O tratamento medicamentoso é o mais utilizado em casos de neuropatia diabética. Antidepressivos e anticonvulsivantes específicos, como a gabapentina, a pregabalina e a duloxetina são algumas opções de primeira linha2,4.Os pacientes refratários ao tratamento medicamentoso podem se beneficiar de algum procedimento intervencionista, como2,4:
  • Estimulação Do Gânglio Da Raiz Dorsal
  • Implante De Neuroestimulador Medular
  • Implante De Bomba De Infusão Intratecal
Referência Bibliográfica:
  1. Caifa JS, Castro AA, Fidelis C, Santos VP, Silva ES. Atenção Integral ao Portador de Pé Diabético. J Vasc Bras. 2011;10(4),Supl 2, 1-32. 2. Khdour MR. Treatment of diabetic peripheral neuropathy: a review. J Pharm Pharmacol. 2020;72(7):863-872. 3. Pedrosa H. Dez coisas que você precisa saber sobre pé diabético. Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: https://www.endocrino.org.br/pe-diabetico/. 4. Staudt MD, Prabhala T, Sheldon BL, Quaranta N, Zakher M, Bhullar R, Pilitsis JG, Argoff CE. Current Strategies for the Management of Painful Diabetic Neuropathy. J Diabetes Sci Technol. 2020; 28:1932296820951829.

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