Estima-se que 84% das pessoas apresentam dor lombar em algum momento da vida1. Estudos apontam uma prevalência mundial de cerca de 12% da população com a queixa, sendo mais comum em mulheres com mais de 40 anos de idade2. Esta condição muitas vezes melhora espontaneamente, mas pode se tornar crônica3. Por este motivo, a dor lombar é a principal causa de incapacidade e de perda produtividade no mundo4.Uma das maneiras de classificar a dor lombar é separá-la de acordo com a sua localização. Basicamente, pode ser de dois tipos de acordo a sua localização: dor axial (dor geralmente situada na parte inferior das costas) e dor radicular (dor que irradia para uma ou ambas as pernas)5.

Causas e Diagnóstico

As origens mais comuns de dor lombar axial incluem o disco intervertebral, a articulação facetária, a articulação sacroilíaca e a musculatura paravertebral, enquanto que as fontes mais frequentes de dor radicular são a hérnia de disco e estenose espinhal6. Cabe lembrar que a dor de origem muscular é comum, porém algumas vezes é pouco valorizada e pode simular uma dor decorrente de uma hérnia de disco, por exemplo, podendo levar a diagnósticos equivocados sobre a origem da dor lombar. Deste modo, durante a consulta, o padrão da dor relatada pelo paciente e as informações colhidas através do exame físico realizado pelo médico especialista, compreendem a parte mais importante para o correto diagnóstico da dor lombar (muito mais importante do que isoladamente os achados dos exames de Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada e Radiografia). Os exames complementares de imagem da coluna lombar devem ser solicitados após a adequada avaliação clínica e devem ser interpretados de acordo com os achados identificados nesta avaliação.

Outras causas também devem ser descartadas, como traumatismos, fraturas, neoplasias, deformidades (escoliose), doenças metabólicas, reumatológicas e infecciosas.

Um aspecto importante na avaliação das síndromes dolorosas em geral é o conceito de dor nociplástica. Trata-se de uma categoria recente de dor, na qual a patologia primária é a sensibilização central. Em outras palavras, consiste na presença de dor sem a identificação de uma causa estrutural. O paciente queixa-se de dor, porém não é encontrada uma origem que explique este sintoma. Não há presença de lesão em nervos, ossos, articulações, tendões ou músculos. Este tipo de dor ocorre em virtude de alterações relacionadas à percepção de dor pelo paciente. Quando experimentada na região lombar, esta dor é frequentemente referida como dor lombar inespecífica. No entanto, a dor nociplástica também pode acompanhar a dor mecânica e neuropática7.

  

Tratamento

As opções de tratamento são amplas e devem ser individualizadas para cada paciente, de acordo com a causa e a da gravidade da dor. Geralmente, no caso de dor de início mais recente, mudanças no estilo de vida, fisioterapia de qualidade e analgésicos são medidas capazes de promover grande alívio dos sintomas. Caso a melhora da queixa seja insuficiente ou não seja duradoura, outras opções existem. Dentre elas, ainda seguindo o raciocínio de promover um tratamento personalizado dependendo de cada caso, podemos destacar:

  • Bloqueio Epidural
  • Bloqueio Anestésico do Ramo Medial
  • Bloqueio Anestésico Facetário Intra-articular
  • Bloqueio Anestésico Transforaminal

  

E quando a dor persiste?

Embora a dor lombar muitas vezes seja autolimitada ou resolva com tratamentos considerados mais simples, esta condição pode se tornar crônica3. Estudos apontam que mais de 60% dos indivíduos com dor lombar mecânica axial continuarão a ter dor ou terão recorrências frequentes 1 ano após o início do sintoma5. Para a dor lombar radicular, entre 15% e 40% das pessoas terá dor crônica ou recaída frequente6. A dor lombar crônica é uma consequência da complexa associação de fatores biológicos, psicológicos e sociais7.

Por este motivo, o tratamento frequentemente necessita ser mais elaborado, incluindo uma equipe multiprofissional composta por Psicólogo, Fisioterapeuta, Médico especialista em Dor, Fisiatra, Neurocirurgião Funcional e Psiquiatra.

Embora as condições de dor crônica possam ser as mais difíceis de controlar, estão disponíveis muitas opções de tratamento. Dentre elas, destacamos:

  • Rizotomia Radiofrequência do Ramo Medial;
  • Cirurgias na Coluna Vertebral;
  • Estimulação Magnética Transcraniana;
  • Estimulação do Gânglio da Raiz Dorsal;
  • Neuroestimulação Medular;
  • Bomba de Infusão Intratecal.
 

Prevenção

O desenvolvimento da dor lombar frequentemente ocorre concomitante a contextos associados ao estilo de vida não saudável, podendo estar relacionado à postura ou hábitos inadequados, sedentarismo e obesidade. Em sentido contrário a este, várias atitudes podem ser realizadas a fim de prevenir o surgimento da dor lombar, como: alongamentos e atividade física (com orientação profissional), manter uma postura adequada, evitar permanecer por longos períodos na mesma posição sem intervalos, não carregar peso em excesso, atentar-se ao seu peso corporal e dormir preferencialmente deitado de lado, se possível como uma almofada ou travesseiro entre as pernas.

Referência Bibliográfica:
  1. Walker BF. The prevalence of low back pain: a systematic review of the literature from 1966 to 1998. J Spinal Disord 2000; 13:205-17. 2. Hoy D, Bain C, Williams G, March L, Brooks P, Blyth F, et al. A systematic review of the global prevalence of low back pain. Arthritis Rheum 2012; 64:2028-37. 3. Kongsted A, Kent P, Axen I, Downie AS, Dunn KM. What have we learned from ten years of trajectory research in low back pain? BMC Musculoskelet Disord 2016; 17: 220. 4. Disease GBD, Injury I, Prevalence C. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990–2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet 2018; 392: 1789–858. 5. Itz CJ, Geurts JW, van Kleef M, Nelemans P. Clinical course of non-specific low back pain: a systematic review of prospective cohort studies set in primary care. Eur J Pain 2013; 17: 5–15. 6. Hooten WM, Cohen SP. Evaluation and treatment of low back pain: a clinically focused review for primary care specialists. Mayo Clin Proc 2015; 90: 1699–718. 7.Nijs J, Apeldoorn A, Hallegraeff H, et al. Low back pain: guidelines for the clinical classification of predominant neuropathic, nociceptive, or central sensitization pain. Pain Physician 2015; 18: E333–46.

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